Ensaio de fotos na Patagônia

Ensaio de fotos na Patagônia

Uma história linda de viver! (Ensaio de fotos na Patagônia)

Senhoras e senhores, é com muita honra e orgulho que vos apresento o maravilhoso: Ensaio de fotos na Patagônia, apresentando o noivo: Rodrigo Sales, a belíssima noiva: Lais Sales e por fim: Eu o mais destemido e corajoso fotógrafo!

Essa história tem que começar com um grande e sincero OBRIGADO. Eu quero agradecer muito a esse casal incrível e principalmente ao Sales, pois foi ele o principal responsável por me fazer embarcar nessa incrível viagem.

No dia 24 de janeiro começou o sonho, foi essa a data do casamento ainda aqui no Brasil. Um casamento simples, na cidade de São Paulo, foi bem rápido, teve apenas a cerimônia e um bolinho no final para os poucos e importantes convidados que estavam lá para abençoar o amor dos dois.

No dia 25 pegamos o avião e partimos rumo a El Calafate (fizemos uma leve parada em Buenos Aires onde almoçamos e já pudemos dizer nosso primeiro: Muchas Gracias). Seguindo viagem, desembarcamos em meio à uma paisagem desértica e cerrada, mas muito linda e a volta do aeroporto era tomada por margaridas brancas que dançavam com ritmo o vento. Já podíamos ver ao longe as belas montanhas banhadas por uma neve bem branquinha e macia… Parecia uma grande massa de chantily bem docinha pronta para saborearmos. O vento era bem gelado, mas nada que nossas poderosas roupas impermeáveis e corta-vento não suportasse.

El Calafate é uma cidade linda, com poucos habitantes, muitos hostels e hotéis, muitos turistas e comércios. De certa forma me lembrou um pouco Campos do Jordão, mas a diferença é que não havia nada em volta. Fomos forçados a acampar logo nesse primeiro dia, pois perdemos a reserva do hotel (haviamos confundido a data e colocado dia 24 e não dia 25, ou seja perdemos dinheiro e não tínhamos onde dormir), então procuramos um camping mais próximo e montamos nossa barraca por lá mesmo.

No segundo dia, fomos rumo a El Chalten, foram 3 horas de ônibus. Já da janela do ônibus, na estrada, podíamos ver aquelas imensas montanhas e seus altos Picos, conforme íamos chegando perto eles iam crescendo e ficando cada vez maiores em nossa direção. O ar foi ficando mais frio e a paisagem mudava toda hora. Haviam rios lindos de águas claras e ao mesmo tempo turvas porque vinham diretamente dos glaciais, mas era uma cor linda e inexplicável, era quase turquesa. Logo na chegada da cidade nos deparamos com muitos montanhistas. A cidade de El Chalten é bem pequena, com apenas 500 habitantes nativos e muitos, muitos, muitos montanhistas e aventureiros. É inexplicável e indescritível a sensação que se tem naquela cidade, você se sente livre e encantado com cada detalhe. Até os cachorros da rua são lindos, todos de raça, carinhosos, receptivos e muito bem cuidados.

Descansamos e conhecemos a cidade no primeiro dia. E no segundo dia a grande aventura começou: Nossa primeira trilha foi ruma a Loma del Pliegue Tumbado. Foram 12km de ida e 12km de volta, sendo 1000m de altitude. Foi muito pesado, era subida o tempo todo e fizemos poucas paradas, mas valeu muito a pena pois lá em cima tinha uma das vistas mais lindas da viagem, de lá podíamos ver todo o vale da montanhas. E foi nesse cenário que fizemos essas primeiras fotos:

Só para vocês entenderem um pouquinho de como funcionam as trilhas: Existiam alguns grupos de montanhistas que fazem as trilhas juntos. Esse grupo (da foto abaixo) estava logo atrás de nós quando começamos. E de certa forma existe uma competição nas trilhas para o tempo que se leva, então disparamos na frente e chegamos bem antes no final, só algum tempo depois que já havíamos chegado eles chegaram.

No inverno normalmente a cidade fica mais vazia, pois é muito frio e as trilhas ficam encobertas pela neve, é muito mais difícil. Mas fomos em alta temporada no verão, por isso havia bastante gente na cidade e nas trilhas, nunca estávamos sozinhos. E isso foi uma das partes legais, pois conhecemos muitas pessoas, inclusive alguns brasileiros e suas histórias.

No dia seguinte da primeira trilha, estávamos completamente acabados! A dor era predominante em todo meu corpo, foi difícil levantar da cama para não perder o horário do café da manhã. Para quem não estava acostumado, parecia que um caminhão tinha me atropelado. Mas nada foi o bastante para me desanimar. Passamos esse dia na cidade mesmo, nos recuperando um pouco para o que estava por vir mais adiante.

Então para não perdemos completamente nosso dia, fomos andar pelos arredores de El Chalten, e descobrimos um rio muito lindo que ficava entre a cidade e uma montanha de escalada. Ao redor desse rio existia uma vegetação verde e no meio desse vegetação um cavalo branco repousava e se alimentava perto da encosta do rio. Era um cenário perfeito para fazermos mais fotos!!

Nesse dia ventava muito, e como o vento vinha das montanhas, era um vento congelante. Mas isso também não foi o suficiente para desanimar esse destemido casal!!! Embora eles tenham ficado no limite do frio. Fizemos rapidamente as fotos e fomos correndo tomar um chocolate quente em hotel que ficava pertinho dali. Aliás os chocolates quentes e os cafezinhos da tarde passaram a ser a melhor refeição do nosso dia, sempre sentávamos e ficávamos conversando por horas e horas até chegar o anoitecer e já estava na hora de jantarmos.

Queria contar um pouco sobre a história do vestido. Quando planejamos a viagem, eu cheguei a falar para a Lais que queria muito fotografa-lá com o vestido de noiva. Mas ela não acreditou , foi quando eu falei muito sério que iríamos fazer sim e só precisávamos conseguir um vestido (infelizmente não poderíamos usar o dela do casamento). Mas para tudo se dá um jeito! Então eu falei com uma noiva que se tornou minha amiga pessoal após seu casamento e ela ficou muito feliz em emprestar seu vestido para fazermos as fotos, ficamos muito felizes e agradecidos e tivemos a sorte que o vestido serviu perfeitamente! Não poderia ser melhor… Mas foi… além de tudo o vestido era super leve, então conseguíamos carregar nas trilhas sem fazer esforço.

Nas trilhas a Lais ia sempre com roupa normal de trilha e ao chegar nos lugares ela se trocava.

Recuperados! Agora era hora do desapego. Tiramos tudo da mala e pegamos apenas o que seria realmente necessário. Mesmo assim a mala pesava um tantão. Saímos para a próxima aventura… Foram 10 km de caminhada até chegar no primeiro acampamento. No caminho pegamos muito sol, por isso foi um caminhada bem quentinha. Bebemos muita água dos rios, era uma água doce, pura, gelada e cristalina. Encontramos duas lhamas no meio do caminho, foi muito engraçado pois não esperávamos encontrar e tomamos um susto, foi assunto para o resto da trilha.

Ao chegar no acampamento montamos nossa barraca e tivemos a triste experiência de ver alguém do grupo doente. A Lais ficou com infecção de urina e imagina que desespero, nós no meio do mato, sem nem ter banheiro direito, sem poder ao menos tomar um banho quentinho. Mas tivemos muito sorte, porque a Le estava preparada para caso isso acontecesse e levou alguns antibióticos, então a Lais tomou e foi repousar, aos poucos ela  foi melhorando. No dia seguinte já estava tudo bem, então continuamos nossa sessão de fotos: Fomos até o lago onde podíamos ver o Cerro Torre no fundo (é um dos picos mais altos de lá) e conseguimos continuar nossa sessão de fotos. mesmo com a dor, conseguimos sorrir e fazer com que a viagem seguisse com muita diversão a harmonia.

Após as fotos, pegamos novamente a trilha, rumo ao próximo acampamento. Que seria 10km de mais caminhada, de mais paisagens belas e para acrescentar, almoçamos nossa comida liofilizada a beira de uma lagoa tão linda, com águas cristalinas e pedras coloridas no fundo e que davam para serem vistas perfeitamente.

Chegando ao próximo acampamento, descansamos para acordar de madrugada e subir até o cume mais alto (na verdade até a laguna de los três que era onde daria para visualizar o cume mais alto) o tão lindo e esperado Fitz Roy. Nessa caminhada seria 2km de caminha sendo 1000m de altitude, em alguns momentos era tão íngreme que precisava de ajuda das mãos.

Acordamos ainda de noite, pegamos o rumo para a trilha, mas tínhamos um problema, nossa comida havia acabado e tínhamos apenas 30 gramas de batata doce apara aguentar. Já cansados de todo o trajeto pensamos varias vezes em desistir, primeiro a Le passou mal e tivemos que parar, depois de subir mais uns 150 metros foi a vez da Lais, nossa noiva. Como a Lais já estava fraca da infecção realmente não dava mais para ela continuar, foi duro ver ela chorando na trilha, depois de andarmos tanto faltavam uns 600 metros para o nosso grande premio. Eu e a Le estávamos acabados, pensamos em voltar, mas não podíamos desistir daquele sonho. Uma das coisas que aprendemos na vida é não desistir, o segredo do sucesso, é intensidade e frequência, e levamos isso para nossa vida. Meu sonho de tirar fotos de uma noiva no fitz roy estava acabado. Então tive a ideia de pedir para a Le levar o vestido e continuamos subindo.

Ao chegar lá a visão era maravilhosa, infelizmente perdemos o nascer do sol e estávamos literalmente esgotados, descansamos um pouco e comemos as ultimas coisas que tínhamos, que eram aqueles tabletes de manteiga que servem no café da minhã do hotel, não teve jeito, foi manteiga pura. Tentei convencer a Le a colocar o vestido para tirarmos fotos no Fitz Roy, e ela insistia que não iria tirar pois não era uma noiva. Então tive uma ideia kkkkkk ajoelhei e falei Le casa comigo, ela fez uma cara de assustada e logo depois eu disse que estava brincando e ela ficou bem brava mas depois deu risada e ainda falou: “Você realmente faz tudo por uma foto”. Enfim depois de muita luta consegui convence-la a vestir o vestido e fazer as fotos, e depois de 5 minutos como modelo ela adorou a brincadeira. Fizemos fotos incríveis, e finalmente tinha o ensaio de noivos na Patagônia.

Resumo da viagem:

– 60km de trilha;

– Um joelho com tendinite e uma injeção na bunda por isso;

– 10 dias de muitas coisas novas;

– visões lindas;

– amigos que ficarão para sempre!